CONFRESA

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Publicado em 24/04/2025 às 19:22

Mato Grosso lidera casos de hanseníase no Brasil e acende alerta para saúde pública.

Por ILARIO TAVARES

araguaiaxingunews

A hanseníase, conhecida há mais de quatro mil anos em países como Índia, China, Japão e Egito, continua sendo um problema de saúde pública, inclusive em cidades do interior do Brasil, como Confresa, no nordeste mato-grossense. A origem da doença ainda gera debate entre estudiosos — se teria surgido primeiro na África ou na Ásia — mas o que se sabe com certeza é que ela acompanha a humanidade há milênios.

Mato Grosso continua liderando os índices de hanseníase no Brasil, mantendo-se como uma das regiões com maior taxa de detecção da doença. Em 2024, já foram registrados 4.359 novos casos, com 5.336 pessoas em tratamento ativo no estado. Os dados acendem um alerta para a saúde pública, especialmente em municípios do interior, como os da região do Araguaia, incluindo Confresa, Vila Rica, Porto Alegre do Norte e São Félix do Araguaia.

A hanseníase, conhecida há mais de quatro mil anos, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae e que, se não tratada adequadamente, pode causar graves lesões nos nervos periféricos, resultando em deficiências físicas permanentes.

Apesar de curável e com tratamento gratuito disponível pelo SUS, Mato Grosso ainda enfrenta dificuldades. O índice de cura está em 68%, abaixo da média nacional, o que evidencia falhas no acompanhamento dos pacientes ou abandono do tratamento. Em 2023, o estado já havia se destacado com 4.625 casos, representando cerca de 20% do total nacional, além da maior taxa de prevalência do país, com 14,34 casos por 10 mil habitantes.

Na região do Araguaia, que inclui dezenas de municípios espalhados por uma vasta área, muitos pacientes ainda enfrentam dificuldades no acesso ao diagnóstico e tratamento precoce. Em Confresa e cidades vizinhas, é comum que a detecção aconteça tardiamente, o que agrava os casos e favorece a disseminação da doença.

Para enfrentar essa realidade, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) vem implementando ações, como a formação de 33 médicos especializados em hanseníase e o repasse mensal de R$ 10 mil para Ambulatórios Especializados em seis municípios. Além disso, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) cobrou um Termo de Compromisso da SES com 20 propostas para ampliar a detecção precoce e o acesso ao tratamento.

O combate à hanseníase exige mais que recursos. É preciso também enfrentar o preconceito, que ainda cerca os pacientes e impede muitos de buscarem o diagnóstico. Manchas na pele com perda de sensibilidade são sinais importantes. Ao percebê-los, procure uma unidade de saúde.

Hanseníase tem cura. O preconceito, não. É hora de romper o silêncio e agir também no Araguaia.